segunda-feira, 18 de maio de 2009

A DANÇA DO VENTRE ATRAVÉS DO MUNDO




O nome correto desta dança é Raks Sharki, que significa dança oriental ou dança do oriente. Para os ocidentais, o nome dança oriental pode significar dança japonesa, chinesa, tailandesa, etc.
Por isso, foi designada por Dança do Ventre.
Essa denominação deve-se aos movimentos, que são predominantes no ventre e quadril feminino.
A dança do ventre é a mais feminina e sensual de todas as danças.
A mulher, através da música árabe, une os seus movimentos, a sua expressão e a sua sedução, transformando-os, no palco, em sentimentos, que compartilha com o seu público.

A origem da Dança do Ventre remonta a tempos muito antigos, sobre os quais existe muito pouca ou nenhuma documentação.
Muitas histórias foram criadas na tentativa de ilustrar o seu surgimento, e por isto é necessário um cuidadoso trabalho de pesquisa e muito bom senso no momento de identificar se uma informação é falsa ou verdadeira.
Uma das explicações, mostra que a Dança do Ventre teria suas origens nos rituais religiosos do Antigo Egito, onde a dança era praticada como forma de homenagear as divindades femininas associadas à fertilidade.
Mas hoje não existe qualquer ligação da dança com a religião e a bailarina é considerada uma artista.
A Dança do Ventre teria sido mais tarde incorporada nas festas palacianas, e por fim conquistado também as classes mais inferiores.
Outra versão atribui o seu surgimento aos rituais dos Sumérios, a mais antiga civilização reconhecida historicamente.
Estes habitavam, tal como os Semitas, a Mesopotâmia (região asiática delimitada pelos vales férteis dos rios Tigre e Eufrates, atual sul da Turquia, Síria e Iraque).
Também há indícios históricos da existência de uma dança com características semelhantes à Dança do Ventre em países como Grécia, Turquia, e outros países situados ao norte de África.

Atualmente, no Egito, é comum haver apresentações de Dança do Ventre em cerimônias de casamento.
Por vezes, os noivos desenham as suas mãos no ventre da dançarina.
Trata-se possivelmente de uma referência ao relacionamento da dança com os cultos de fertilidade.

As mulheres do Mundo Árabe dançam umas para as outras, e para elas mesmas.
Elas formam um grupo, onde cada uma por sua vez, se levanta e desenvolve a sua performance, para as suas irmãs e amigas, sem a presença de homens.
Celebram assim a espiritualidade e a força femininas, e transmitem beleza e liberdade por meio da sua expressão particular.

A dança expandiu-se pelo mundo inteiro com a ajuda dos viajantes, mercadores e povos nômades (como os ciganos e beduínos), juntamente com outras características da cultura Árabe, tais como a culinária, a literatura e a tapeçaria.
Em sua expansão pelo mundo, ela sofreu ao longo dos tempos diversas influências, acumulando em cada região diferentes interpretações e significados.
Atualmente, ela ainda se encontra em contínuo processo de desenvolvimento, recebendo influências diversas, como por exemplo da Dança Contemporânea e do Flamenco.
Independente das diversas influências, não é difícil identificar o seu estilo por meio de determinadas características.

Em cada região, a Dança do Ventre recebeu um nome:
no Egito é chamada de Raqs El Sharq ou Raqs Sharqy, que significa "Dança do Oriente" ou "Dança do Leste";
na Grécia é chamada de Chiftitelli;
na Turquia de Rakkase; sendo conhecida no mundo ocidental por Dança do Ventre.

A Dança do Ventre chegou definitivamente ao ocidente no século XIX, e é considerada uma das danças mais antigas da história da civilização.
Atualmente existem inúmeras dançarinas de ótimo nível, em praticamente todos os países do mundo.
O seu poder hipnótico é devido à mágica combinação de elementos religiosos e profunda sensualidade.
Os seus movimentos não são numerosos, mas permitem uma grande diversidade de variações ( 3 380 passos são conseguidos através dessas variações).
Apesar da variedade de estilos, uma característica permanece:
os movimentos de quadril, alternadamente ondulatórios e vigorosos.
Sua mensagem alegre e positiva tem vindo a conquistar gerações, que buscam preservar e difundir as suas características:
sensualidade, leveza, beleza, alegria, vitalidade e expressão.

Num show, além da Dança do Ventre tradicional, acompanhada ou não de véus e Snujs (pequenos címbalos metálicos que são tocados com os dedos), é comum serem apresentados números com elementos, como a Espada, o Punhal, o Candelabro (Raqs El chams), a Bengala(Raqs El Assaya), o Jarro, o Lenço, as Flores e o Pandeiro.
As danças com a espada, o punhal e o candelabro da bengala, do jarro e do lenço são Tradicional chamadas danças folclóricas .
Algumas destas danças com elementos, tal como a dança da bengala, podem ser acompanhadas pelos homens, com movimentos masculinos.
Algumas dançarinas chegam a apresentar-se com serpentes, como forma de resgatar os misteriosos cultos ancestrais.
A serpente é um complexo símbolo que representa os princípios masculino e feminino, e também a imortalidade (tal como na imagem arquetípica em que a serpente engole a própria cauda).
Os espectadores costumam demonstrar a sua admiração atirando notas e moedas sobre a dançarina e, por vezes, colocando o dinheiro em suas vestes.
É interessante notar que não existe notícia de nenhuma outra dança com esta característica.
Tradicionalmente, a dançarina apresenta-se descalça.
Porém, desde o surgimento dos grandes espetáculos de Dança do Ventre, sobretudo no Líbano, as dançarinas apresentam-se usando sapatos de saltos altos, talvez como uma forma de demonstrar a ascensão social desta prática oriunda do povo.
Muitas dançarinas ainda preferem dançar sem os sapatos, como forma de estabelecer um contacto direto com a energia da Mãe Terra.

Apesar de ser uma dança folclórica, do povo, a Dança do Ventre tem envolvido desde o início do século XX grandes profissionais - dançarinos, coreógrafos, figurinistas, etc. passando a fazer parte de eventos cada vez mais sofisticados e luxuosos.
Com isto, a sua característica original (de prática não codificada e de improvisação) transformou-se num elaborado trabalho de produção, fruto de exaustivo treino e numerosos ensaios.
Nos grandes festivais realizados no Egito, no Líbano e na Turquia, as mais famosas dançarinas apresentam-se acompanhadas por grandes orquestras.

A Dança do Ventre designa-se unicamente ao corpo feminino, enfatizando os músculos abdominais e os movimentos de quadris e tórax.
Ela é praticada com os pés descalços firmados no solo, e caracteriza-se pelos movimentos suaves, fluidos, complexos e sensuais do tronco, alternados com movimentos de batida e tremido.
As dançarinas orientais são consideradas diferentes, pois realizam uma "dança dos músculos", ao contrário das "danças de passos", praticadas no ocidente.
Tradicionalmente, o joelho da dançarina de Dança do Ventre nunca se eleva acima do quadril. Talvez pelo fato desta dança possuir movimentos de pulsação e ondulação do ventre, tenha sido batizada de “Dança do Ventre”, embora ela possua diversos outros movimentos.

Há autores que associam os movimentos rápidos da dança à demonstração da alegria de viver, enquanto que os movimentos lentos estariam associados às danças religiosas nas quais se buscava imitar os movimentos do trabalho de parto e do parto em si, como expressão de agradecimento às mulheres, enquanto agentes da perpetuação da espécie humana.


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